História da Língua Portuguesa Iva Svobodová, Ph.D. 23 de Março de 2015 a terceira aula 1. ORIGENS DE PORTUGAL 2. PORTUGUÊS ANTIGO – GALEGO-PORTUGUÊS 3. VOGAIS TÓNICAS •Esperança Cardeira, História do Português (pp.39-44) •Edwin Williams, Do latim ao portugu ês •(pp.42-52) •Paul Teyssier – História da Língua Portuguesa (pp.21-34) • •Os visigodos organizam-se em núcleos políticos e organizam um movimento de expansão territorial. •Poucos anos depois da ocupação muçulmana, os árabes são derrotados na batalha de Covadonga pelo exército hispano-godo, comandado por •Pelágio (latim: Pelagius, galego: Paio, castelhano: Pelayo) foi o fundador e o primeiro monarca do Reino de Astúrias (715-737) que governou até sua morte. •Segundo a lenda, Pelágio era um nobre visigodo, filho do duque Fávila. Devido às intrigas entre a nobreza visigoda, o rei Vitiza conspirou para assassinar o seu pai. Pelágio fugiu para as Astúrias, onde tinha amigos ou família. Posteriormente, ao sentir-se inseguro no reino, partiu em peregrinação a Jerusalém. Ali permaneceu até à morte de Vitiza e entronizacão de Rodrigo, de quem era partidário. Com este, ocupou o cargo de conde de espatários ou da guarda do rei e como tal combateu na Batalha de Guadalete, abril ou maio do ano 711. • • • •O movimento cristão parte do Reino de Astúrias e Leão, liberta o vale de Douro e a região de Mondego. Ao ser descoberto o túmulo do apóstolo em Santiago de Compostela, a reconquista transforma-se em guerra santa, atraindo nobres de toda a Europa. •Guerra santa é um recurso extremista que as grandes religiões monoteístas têm usado ao longo da história para proteger o que consideram ameaça aos seus dogmas e a seus lugares sagrados. Na origem das primeiras "guerras santas" já travadas na história estão o Islamismo e o Cristianismo. •A guerra santa é uma guerra originada por diferenças entre as religiões, e também como estratégia para espalhar a sua crença através do expansionismo fazendo uso da violência. • •Tiago (Jacobus, Iago, Jacques) foi um dos primeiros seguidores de Jesus Cristo. Depois da crucificação de Jesus, Tiago divulgou a palavra do seu Mestre e numa das suas viagens chegou à Galiza onde pregou durante alguns anos, ainda que sem grande sucesso. De regresso a Jerusalém, em 44 d.C., Santiago foi mandado prender (ser preso) por Herodes Agripa, por idolatria, e condenado a morrer decapitado. O corpo de Tiago foi lançado às feras mas dois dos seus discípulos – Atanásio e Teodoro – anteciparam-se, recolheram-no e, de barco, viajaram em direcção à Galiza com o intuito de aí o enterrarem. Conta a lenda que o pequeno barco não tinha leme nem velas mas que seguiu o seu rumo guiado por um anjo. •A recepção na Galiza não foi calorosa. Quem governava era a rainha Lupa, que só concordou em acolher os restos de Santiago após a superação de uma prova: Atanásio e Teodoro tinham que matar o dragão e trazer os touros bravos que viviam em Pico Sacro. Eles conseguiram e, perante tal façanha, a rainha Lupa converteu-se ao cristianismo e deixou-os sepultar o apóstolo num lugar chamado Libredón. Aí foi erguida uma pequena capela e sob o altar ficaram as relíquias de Santiago. •Durante séculos o túmulo esteve abandonado até que um dia, no início do século IX, o eremita Pelayo foi testemunha de uma revelação divina e descobriu o sepulcro do apóstolo em Campus Stellae, actual Santiago de Compostela. Os rumores desta descoberta chegaram até ao bispo de Iria Flavia, Teodomiro, que se tornou no grande responsável pelo inventio, a difusão no mundo cristão da descoberta do sepulcro de Santiago. A crença de Teodomiro era tanta que originou a intervenção do rei Afonso II, o Casto, que mandou edificar um templo em homenagem ao apóstolo. •O rei, Afonso III das Astúrias, institui o condado de Castela que se alargará do território originial de Burgos, conquistando territórios e autonomia, tornando-se independente. • •http://www.diariodeleon.es/noticias/revista/ataques-almanzor-reino-leon_415400.html • •A Vimara Peres (hoje: Guimarães) é concedido o título de Conde de Portucale – ele organiza a defesa e o povoamento entre o rio Lima e o Douro. • Vímara Peres foi um dos responsáveis pela repovoação da linha entre o Minho e Douro, auxiliado por cavaleiros da região, pela acção de presúria do burgo de Portucale (Porto) que foi assim definitivamente conquistado aos muçulmanos no ano de 868. •Nesse mesmo ano, tornou-se o primeiro conde de Portugal. •Vímara Peres foi também o fundador de um pequeno burgo fortificado nas proximidades de Braga, Vimaranis (derivado do seu próprio nome), que com o correr dos tempos, por evolução fonética, tornou-se a moderna Guimarães, tendo sido o principal centro governativo do Condado Portucalense, quando da chegada do conde don Henrique. •Foi em Guimarães que viria a falecer, em 873. O seu filho, Lucídio Vimaranes ( que significa "filho de Vímara"), sucedeu-lhe à frente dos destinos do condado, instituindo-se assim uma dinastia condal que governaria a região até 1071. • •Abu Amir Muhammad ibn Abdullah ibn Abi Amir, al-Hajib al-Mansur = foi o governador do al-Andaluz (designação em árabe da Península Ibérica) no final do século X e início do século XI. A tradução aproximada do seu nome é "Fiel Amir Muhammad, o Escravo de Deus e familiares". O seu governo marcou o auge do império omíada na península Ibérica. •Em 981 ataca o território Vimaranis. A terra só será retomada por Henrique de Borgonha. •Afonso VI durante a guerra contra os muçulmanos, chamou os príncipes dalém dos Pirinéus. Entre eles o príncipe Henrique e o seu primo Raimundo de Borgonha. Os dois príncipes granjearam grande reputação pelo seu valor nas guerras em que entraram, e em prémio dos serviços prestados, •D. Afonso VI casou •sua filha D. Urraca com Raimundo – concede-lhe o território de Galaecia •sua filha bastarda D. Teresa ou Tareja com D. Henrique – concede-lhe o território de Conimbriga e de Portucale • •Em 1093 D. Afonso atravessou o rio Mondego, tomou Santarém, Lisboa e Sintra, dilatando assim o domínio cristão até ao rio Tejo. Como o ocidente da península hispânica formava um domínio já bastante extenso para que os seus chefes pudessem tornar-se independentes, pensou em delegar o seu poder para esses lados num homem de confiança. Fez pois de Raimundo conde soberano de Galiza, e de Henrique governador do condado de Portucale, sob a suserania de Raimundo. •O território entre o Minho e o Tejo compreendia então três territórios: 1. o condado de Portucale, que ia do Minho ao Douro; 2.o de Coimbra, do Douro ao Mondego; 3.e o novamente conquistado aos sarracenos, do Mondego ao Tejo, de que D. Afonso fizera governador Soeiro Mendes, com a sede do governo em Santarém. • •Este território foi retomado pelos moiros logo em 1095 e parece que este desastre contribuiu para que D.Afonso VI libertasse o conde D. Henrique da suserania de seu primo Raimundo, porque em 1097 já governava independentemente o seu condado, e em 1101 encontrava-se na corte do rei de Leão e de Castela. Estavam, portanto, sossegadas as fronteiras de Portugal, e os muçulmanos, concentrando todos os seus esforços no oriente da península e nas fronteiras de Castela, contentavam-se no ocidente só com a posse de Lisboa e de Sintra, que por esse lado limitavam o seu império já tão disseminado. Vendo a Espanha quase tranquila, procurou o conde D. Henrique outro campo em que pudesse empregar a sua irrequieta actividade. Seduziu-o, como a tantos outros príncipes, o movimento das cruzadas. •Entre os anos de 1102 e 1104 contínuas expedições demandavam a Terra Santa, e D. Henrique, nos primeiros meses de 1103 partiu para o Oriente, donde voltou em 1105, sem que a historia faça menção dos feitos que praticou, o que se explica por ele ter partido mais como simples voluntário, do que como chefe dalgum poderoso contingente. Desde essa época envolveu-se nas intrigas que tinham por fim ampliar o território que dominava e conseguir tornar-se independente. Continuando a guerrear os moiros, conquistou-lhe mais terras, vencendo o régulo Hecha e o poderoso rei de Marrocos Hali Aben Joseph. Excelente guerreiro, sábio e prudente administrador, aumentou consideravelmente as terras do seu condado, merecendo o cognome de Bom, que a historia lhe deu. • •Afonso VI não tinha filho varão legítimo, por conseguinte Raimundo, marido de D. Urraca, esperava receber a herança, porém, ele morreu, D. Sancho (o seu filho natural também) e pouco tempo depois, e ficou a legitima herdeira D. Urraca •Depois da morte de D. Henrique (seu corpo foi trasladado para Braga, e sepultado numa capela da sé), ficou D. Teresa governando o condado de Portucale na menoridade de seu filho D. Afonso Henriques, que apenas contava três anos de idade. •D. Afonso I de Portugal, mais conhecido por D. Afonso Henriques foi o fundador do Reino de Portugal e o seu primeiro rei, com o cognome O Conquistador, O Fundador ou O Grande pela fundação do reino e pelas muitas conquistas. Após a morte de seu pai, Afonso tomou uma posição política oposta à da mãe, que se aliara ao nobre galego Fernão Peres de Trava. Pretendendo assegurar o domínio do condado armou-se cavaleiro e após vencer a sua mãe na batalha de São Mamede, em 1128, assumiu o governo. Concentrou então os esforços em obter o reconhecimento como reino. Em 1143, no tratado de Zamora, intitula-se rei, depois da vitória na batalha de Ourique contra um contingente mouro, D. Afonso Henriques proclamou-se rei de Portugal, com o apoio das suas tropas. . A independência portuguesa foi reconhecida, em 1179, pelo papa Alexandre III, através da bula Manifestir Probatum e ganhou o título de rex (rei). Com o apoio de cruzados do norte da Europa conquistou Lisboa e Santarém 1147. Liberta Faro em 1249 Com a pacificação interna, prosseguiu as conquistas aos mouros, empurrando as fronteiras para o sul, desde Leiria ao Alentejo, mais que duplicando o território que herdara. Os muçulmanos, em sinal de respeito, chamaram-lhe Ibn-Arrik («filho de Henrique», tradução literal do patronímico Henriques) ou El-Bortukali («o Português»). •As circunstâncias históricas (diferentes substratos e superstratos) e territoriais influem em • implantação de diferentes inovações • linguísticas • no alargamento territorial. • • As inovações linguísticas do Castelhano expandem-se conforme a expansão territorial da Castela e afasta outor reinos e romances. latim português castelhano catalão FILIU FILHO HIJO FILL OCULU OLHO OJO ULL LACTE LEITE LECHE LIET IANUARIO JANEIRO ENERO GINER • • • •A reconquista avançacava o território alargava-se abria-se caminho para a migração dos vencedores no território alargado. •No Norte (da Galiza ao Douro), o repovoamento que já tinha começado com D. Henriques, continuou, acresentando-se à população rural x novos senhores que se apoderaram das terras (presúria – apropriação das terras e pessoas). São fundadas novas igrejas e mosteiros. Os senhores instalam-se em vilas. • • •Entre o Mondego e o Tejo, o repovoamento tem um carácter mais municipal em torno das cidades e das vias principais. O interior é pouco povoado. • •Entre o rio Tejo e o sul existem ordens militares (Templários-cristo, Calatrava, Santiago) apoderam-se de vastas propriedades. Quanto à densidade populacional, esta resulta muito fraca. Mapa de Portugal •Fonética •ʃ x tʃ x s´ tchabe x chave •ou x o mouro x moro •ei x e leite x lete •betacismo b/v tchabe x chave •No sul – os dialetos meridionais , por serem mais variáveis, impuseram a necessidade de comunicação entre falantes de diferentes variedades e portanto – também a necessidade de nivelamento linguístico. Assim, • eliminam-se diferenças entre os falantes para a comunicação ser mais fácil.