COESÃO M.H.M.Mateus Gramática da Língua Portuguesa pp.89 – 114 Os processos da coesão textual •Os processos de sequencialização na superfície textual podem ser agrupados da seguinte forma: • • 1.COESÃO GRAMATICAL 2.COESÃO LEXICAL 1. COESÃO GRAMATICAL 1.coesão frásica 2.coesão interfrásica 3.coesão temporal 4.paralelismo estrutural 5.coesão referencial • 1. COESÃO FRÁSICA •assegura uma ligação significativa entre sos elementos linguísticos a nível sintagmático e oracional •concordâncias nominais e verbais, ordem de palavras interna dos sintagmas, colocação dos determinantes, quantificadores, adjectivos, pronomes, advérbios, preposições, etc. • 2. COESÃO INTERFRÁSICA •os mecanismos da coesão interfrásica assugra a organização das frases na superfície textual. •dois tipos básicos de coesão interfrásica: PARATAXE e HIPOTAXE •As unidades podem ser conectadas em PERÍODOS SIMPLES ou PERÍODOS COMPOSTOS. •As unidades também podem ser unidas SINDETICA ou ASSINDETICAMENTE. • Tipos de conexões paratáticas • •A. LISTAGEM, SEQUENCIALIZAÇÃO E CONTRASTE • •B. DISJUNÇÃO • •C. INFERENCIAIS A. listagem, confirmação, sequência temporal e contraste •conexões com a conjunção copulativa prototípica “e” • •listagem •confirmação •sequência temporal A. tipos de listagem •As frases conectadas assindeticamente ou pela conjunção prototípica aditiva “e” são apresentadas como elementos de uma lista 1.meramente ordenados= listagem enumerativa, 2.associados por nexos mais fortes= listagem aditiva , de entre os quais sobressaem 1.a semelhança de estatuto entre os membros conectados ou o 2.o relevo de um membro conectado relativamente aos outros. A. Exemplificação da listagem enumerativa • •A Escola que temos está em crise, o País está em crise, o mundo ocidental está em crise. A. listagem aditiva 1.a semelhança de estatuto entre os membros conectados: – –É sabido que a mudança assusta e é igualmente sabido que o medo tolda a reflexão e a razão. 1. –2. o relevo de um membro conectado relativamente aos outros. –...apoiar o general Washington implicava para Paris enfrquecer a hegemonia naval da Grã-Bretanha, diminuir-lhe os meios de levar a cabo uma guerra no próprio solo europeu, e, sobretudo, vingar a grande derrota de 1763, que apartara da França as colónias canadianas. • A. listagem de confirmação •O segundo membro coordenado apresenta uma confirmação ou um reforço do que é apresentado no primeiro. • •Exemplificação: • •O João garantiu-nos que os ia convencer e, efectivamente, consegui convencê-los. • •Eram esperados muitos milhares de visitantes e, de facto, foram vendidas oitenta mil entrada. A. listagem de sequência temporal • •O eixo da articulação entre as frases representa a relação entre os intervalos de tempo em que se localizam as situações descritas, devendo a ordem linear dos membros conectados reproduzir a ordenação temporal das situações descritas. A. exemplificação da listagem de sequência temporal A. listagem de contraste •Apresenta-se as situação descrita que é contrária às expectativas: •Exemplificação: •A Maria trabalhou imenso na preparação do projecto mas não conseguiu o contrato. •= •Embora a Maria tenha trabalhado imenso na preparação do projecto, não conseguiu o contrato. • B conexão disjuntiva • •As conexões disjuntivas admitem a conjunção discuntiva prototípica ou e articulam frases exprimindo conteúdos proposicionais alternativos. Estas conexões pdoem ser tanto exclusivas (quando as possibilidades são incompatíveis) como inclusivas (quando ambas as possibilidades são compatíveis). exemplificação da conexão disjuntiva •alternação compatível: •Queres queijo ou preferes fruta? • •alternação incompatível: •Vamos ao teatro ou ficamos em casa a jogar xadres? •A esta hora, ou estou na Faculdade ou estou no Centro. •Ou comes o queijo ou comes fruta. • •(a conjunção correlativa ou...ou reforça a interpretação exclusiva) C. conexões inferenciais •O conteúdo proposicional do segundo membo coordenado é inferível a partir do do primeiro, apresentado como razão ou motivo (interferências consequenciais e conclusivas) e Pertencem aqui as conexões coordenativas, em que o primeiro membro coordenado apresenta a conclusão do argumento, estando reservado ao segundo a expressão de uma premissa ou justificação. C Exemplificação da conexão inferencial •Estava mau tempo e (por isso) decidimos ficar em casa. • •O João está constipadíssimo e (portanto) não vem à festa. • •Chegámos atrasados, pois está um trânsito infernal. QUADRO SINÓPTICO DAS CONEXÕES PARATÁCTICAS CONEXÃO CONJUNÇÃO + CONECTOR ADVERBIAL OU PREPOSICIONAL LISTAGEM ENUMERATIVA E + FINALMENTE, POR FIM LISTAGEM ADITIVA E + ADICIONALMENTE, AINDA, ALÉM DISSO, IGUALMENTE, TAMBÉM, DE NOVO, DO MESMO MODO, PELA MESMA RAZÃO CONFIRMAÇÃO E + EFECTIVAMENTE, COM EFEITO, DE FACTO SEQUÊNCIA TEMPORAL E + ANTES, DURANTES, ENTÃO, DEPOIS, ENTRETANTO... CONTRASTE CONCESSIVO MAS + AINDA ASSIM, MESMO ASSIM, CONTUDO, NO ENTANTO CONTRASTE ANTITÉTICO MAS + CONTRARIAMENTE, PELO CONTRÁRIO, POR OPOSIÇÃO DISJUNÇÃO OU + ALTERNATIVAMENTE, EM ALTERNATIVA INFERÊNCIA E (INFERENCIAL) ASSIM CONSEQUENTEMENTE, POIS,D ESTE MODO, EM CONSEQUÊNCIA, PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ESTA RAZÃO, POR ISSO frases parentéticas •As orações ou períodos interferentes apresentam um tipo particular de conexão em que uma frase acrescenta algum tipo de informação sobre outra oração independente ou sobre uma expressão nominal da outra oração, sem que, no entanto, as duas orações estejam sintacticamente dependentes. Este tipo de conexão chamamos suplementação. À oração que introduz o comentário chamamos suplemento e oração ou à expressão nominal dessa oração, sobre a qual incide o comentário veiculado pelo suplemento, chamamos âncora. Na linguagem escrita, estas construções separam-se por vírgulas, parénteses ou travessões: Veja-se o seguinte exemplo em que a construcção sublinhada é o suplemento e a não sublinhada, âncora: Exemplificação: • •O Pedro, se não estou em erro, já não trabalha neste banco. • Estruturas de Enunciação •A oração que contém esta suplementação, é denominada oração hospedeira (interferente ou intercalada, ou também parentética) e pode ser introduzida por uma conjunção. •Um dos tipos das orações hospedeiras são as estruturas de enunciação, que poderiam ser caracterizadas como estruturas adverbiais periféricas, as quais não apresentam uma relação semântica directa entre os dois conteúdos proposicionais: • Exemplificação • •Se bem me lembro, iam à praia todas as tardes (suplementação) •x •Se quisessem, iam (iriam) à praia todas as tardes. (subordinação Valores Semânticos das Estruturas de Enunciação •Como vemos, a relação de conectividade semântica e sintáctica existente entre elas, é muito fraca, o que se reflecte também na independência temporal das duas orações. •Este tipo de orações pode ter vários valores semânticos. Aos mais frequentes pertence o valor de comentário, final, condicional, concessivo ou conformativo, como ilustram os seguintes exemplos: • Exemplificação •Para ser sincero, não penso que esta equipa seja amelhor. (final) • •Naquela altura, se bem me lembro, a Casa da Música ainda estava aberta. (condicional) • •Ao miúdo ocorreu a ideia de, sei lá porquê, roubar na loja o chocolate. (comentário) • •Segundo o jornal apurou, a principal razão da construção da linha ferroviária foi a de ligar a cidade ao litoral. (conformativo) • •Que eu saiba, não pedi registo de patente nem reivindiquei qualquer originalidade . (concessivo) • Exemplificação •(inversão da ordem verbo – sujeito) • •Muito incómodo para o Arganaz! – pensou Alice. • •Não há espaço! Não há espaço! – gritaram eles quando viram chegar Alice. • •Há espaço demais! – respondeu Alice toda indignada. • Outros tipos parentéticos •frases parentéticas: •de reformulação parafrástica •de rectificação da frase anterior •de exemplificação da situação descrita na frase anterior •de comentário avaliativo acerca da situação descrita na frase anterior Exemplificação •reformulação e rectificação •“Se uma determinada entidade no mundo é uma componente de uma situação em que uma outra componente foi uma coisa positiva ou negativa, isto é, activou uma disposição inata, o cérebro classifica a entidade em relação à qual não estava pré-estabelecido qualquer valor de maneira inata, tal como se também ela fosse positiva ou negativa, quer de facto o seja ou não.” • •“Ele sabia –ou melhor, pensava que sabia – como resolver a situação. “ Exemplificação •exemplificação da situação descrita na frase anterior • •“Os mamíferos aquáticos (como é o caso da baleia) também respiram por pulmões.” Exemplificação •comentário avaliativo • •“Ele não foi aceite no concurso – sabe-se lá porquê. • •“Com a vida que anda a levar, o João (queira Deus que não me engane!) vai estampar-se nos exames!” valores dos conectores paratácticos em unidades textuais superiores ao período •valores de listagem: •primeiro, segundo, terceiro/ também, igualmente •valores de confirmação: •de facto, com efeito •valores de sequência temporal: •depois, entretanto •valores de síntese: •em síntese, em súmula, resumindo e concluindo •valores de explicitação-particularização: • quer dizer, porque, por exemplo •valores de inferência •portanto, daí que •valores de contraste: •ou, melhor dizendo,muito pelo contrário, mas conectores paratácticos na conversa • •Na conversa informal, os nexos entre pergunta e respota ou entre uma fala e uma nova tomada de vez podem ser assinalados por expressões que, noutros contextos, assumem valores semânticos ou conectivos específicos e que ocorrem com um papel meramente descursivo: • Exemplificação •Diálogo 1: •Ora viva! •Então, como vai isso? • •Diálogo 2: •quer alguma coisa para a sua mãe? •não, quero um um beijinho. diga-lhe lá que tou boa. •pronto. vou-me embora. quadro sintético interfrásico conexão conector adverbial e preposicional listagem enumerativa depois, finalmente, seguidamente, em primeiro lugar,.. em segundo lugar, .., em seguida, por um lado,..., por outro lado, por fim listagem aditiva adicionalmente, ainda, além disso, igualmente, também, de novo, do mesmo modo, pela mesma razão... síntese assim, em conclusão, em resumo, em síntese, em suma explicitação – particularização especificamente, nomeadamente, isto é, ou seja, quer dizer, por exemplo, em particular sequência temporal antes, durante, então, entretanto, depois, em seguida inferência assim, consequentemente, daí, então, logo, pois, deste modo, em consequência, portanto, por conseguinte, por esta razão contraste substitutivo mais correctamente, mais precisamente, ou melhor, por outras palavras constrase antitético contrariamente, já, ora, agora, em vez de, pelo contrário, por oposição contraste concessivo ainda assim, mesmo assim, apesar de, contudo, no entanto conexões subordinativas • tipo de oração adverbial de acordo com a classe semântica exemplo orações comparativas Ele falou tão baixinho que ninguém ouviu nada. orações temporais Come do bolo antes que se acabe. orações causais e explicativas O filho está feliz porque recebeu do pai um carrinho. orações finais e resultativas Abrimos a janela para arejar a sala. orações concessivas Embora estivesse doente, ajudou-me no trabalho. orações condicionais Caso te atrases, avisa-me. orações de circunstância negativa Saí sem que me despedisse. orações de modo (relativa livre) Preparei tudo como me pediste. orações de lugar (relativa livre) Fui (a)onde eles foram. orações conformativas Segundo a polícia avisou, o assaltante foi detido. orações de comentário Como é sabido, o português é uma língua mundial. orações contrastivas Enquanto o Martinho é louro, o Tomás é moreno. orações contrapositivas Ele foi a pé quando podia ter apanhado um táxi. orações substitutivas Em vez de ele ir para escola, foi ao ZOO. orações acrescentativas Para além de saber falar português, esta senhora sabe falar chinês. 3. COESÃO TEMPORAL •assegura a correcta sequencialização e localização temporal dos enunciadosç •a coesão temporal é assegurada através da utilização de: –certos tempos verbais –expressões adverbiais ou preposicionais de valore temporal 4. PARALELISMO ESTRUTURAL • •o paralelismo estrutural é um processo que assegura a coesão textual e que consiste em pesença de traços gramaticais comuns (tempo, aspecto, diátese) da mesma ordem de palavras ou da mesma estrutura frásica em fragmentos textuais contínguos. Tais fragmentos textuais são, portanto, paralelos estruturalmente. • Exemplificação –Os navios que entram a barra –os navios que saem dos portos –os navios que passam ao longe... – –as expressões nominais em posição inicial apresentam a mesma estrutura Exemplificação – – – Quem tudo quer tudo perde. –sujeito objeto verbo = sujeito objeto verbo – –a mesma ordem de palavras : sujeito objeto verbo Exemplificação • –Tu o quiseste, tu lá sabes. – –As duas frases apesentam uma ordem de palavras idêntica, com o verbo em posição final a reiteração do sujeito Exemplificação – –Em Lisboa está calor, no Porto está um frio de rachar. • –duas frases com um adjunto de lugar em posição inicial, reiteração do verbo e oposição semântica entre a palavra que ocorre à sua direita. Efeito do paralelismo estrutural •Por um lado, a ocorrência do paralelismo estrutural apresenta semelhanças em partes curtas de um texto, por outro lado reforça o interesse por saber as diferenças. OU seja, na frase: •Em Lisboa está calor, no Porto está um frio de rachar. •as partes idênticas reforçam o nexo comparativo entre as duas frases. 5.COESÃO REFERENCIAL •É a propriedade de qualquer texto em que se assinale, através da utilização de formas linguísticas apropriadas, que os indivíduos designados por uma dada expressão são introduzidos pela primeira vez no texto, já foram mencionados no discurso anterior, se situam no espaço físico perceptível pelo locutor ou pelo alocutário, existem ou não como objectos •únicos na memória destes. tipos de coesão referencial 1. 1. 1.coesão exofórica 2.coesão endofórica coesão exofórica •a identificação do referente fora do texto verbal: • •“Bolas! Este é mesmo chato!” –comentário acerca de um indivíduo com quem os participantes do diálogo acabaram de estar. • •“O meu não funciona. Emprestas-me o teu?” (depois de verificar que o seu insqueiro não funciona, o lcoutor pede ao alocutário que lhe empreste o dele). coesão exofórica •Quando o locutor considerar que o objecto de que pretende dar conhecimento ao alocutário não tem uma identidade incontroversa no espaço conginito activado pelo texto, utiliza expressões referenciais indefinidas. • •“Era uma vez um príncipe que tinha orelhas de burro. “ • •“Há muito muitos anos, um jovem de boas famílias foi fzer uma viagem coesão endofórica •a coesão endofórica é dada pelas relações existentes entre os elementos textuais que constituiem uma cadeia referencial. • •Ontem vi um homem e uma mulher. O homem trazia um chapéu preto e a mulher estava vestida de branco. (referência anafórica) • •Dá-me o dinheiro, que é meu. (referência catafórica). • • 6. COESÃO LEXICAL • •DADA PELA ORGANIZAÇÃO LEXICAL (VEJA AS CONFERÊNCIAS ANTERIORES).