Português Clássico séculos XVI e XVIII Esperança Cardeira pp. 69-74 O português clássico •O Português clássico é o reflexo de uma profunda mudança de mentalidade, enformada pelo Renascimeno e pelos Descobrimentos, mas também pela Inquisição. •Prolonga-se até ao final do século XVII •Corresponde à fixação de um modelo linguístico, a norma, e de uma isntituição social, o idioma nacional. •A língua torna-se objecto de estudo, manifestação estética, expressão do sentimento de nacionalidade e instrumento de coesão. •A Corte, a Capital e a Igreja concentram a cultura •O ensino, a disciplina gramatical, o desenvolvimento da literatura e a imprensa consolidam o padrão linguístico. instrumento de comunicação • •Ao transcender a dimensão europeia, o Português tornou-se instrumento de comunicação para outros povos e outras culturas. Gil Vicente • •representa a ponte entre a cultura e a língua medievais e o Renascimento. Entre o Portuguès Médio e o Clássico. Novas Realidades e Antiguidade Clássica •No mundo propaga-se a cultura antiga sob uma perspectiva de uma sociedade que descobre novas realidades. •A antiguidade Clássica ganha novos controsnos. representantes •Em Portugal, os representantes desta nova visão mundial, são André de Resende, Pedro Nunes, Garcia de Orta. •Abre-se caminho a novos géneros literários e a uma utilização cada vez mais elaborada, trabalhada e engenhosa da língua portuguesa. •Surgem novos estudos sobre a língua portuguesa, novas análises e novas descrições da gramática portuguesa, didáticas, vocabulários, e as cartinhas (cartilhas). A língua portuguesa • •A língua portuguesa é louvada, valorizada e a tendência que surge é a codificação da língua, a fixação de uma norma linguíistica. Gramáticas, dicionários •gramáticos e lexicógrafos: •Fernão de Oliveira, João de Barros, Duarte Nunes de Leão, Mgalhães de Gândavo, Bento Pereira, Jerónimo Cardoso 1555 •D. João III entrega à Companhia de Jesus o Colégio das Artes •O monopólio de ensino ficará, a partir daí, nas mãos dos jesuítas e a censura condicionará o desenvolvimento culturas. século XVII •A Europa descobre o pensamento de Galileu, Descartes, Pascal, Espinosa, Leibniz, Newton. Mas em Portugal, o ensino foi entregue aos jesuítas, que não acompanha esta emancipação. A inquisição que combate a heresia, domina o pensamento científico . • Literatura monástica e mística • •Nos finais do século XVI e durante todo o século XVII, a cultura retorna à Igreja, facto que contribui para um desenvolvimento da literatura monástica, de uma poesia mística e a arte da oratória. (Padre António Vieira). • • • representantes • •literatura monástica: Heitor Pinto, Amador Arrais, Tomé de Jesus, Manuel Bernardes • •poesia mística: Diogo Bernadres • •arte da oratória. (Padre António Vieira) • proibições inquisitoriais •Das proibições inquisitoriais e da integração em Espanha resulta um interesse crescente pela língua e pela literatura castelhana, que muitas vezes originou uma situação de bilinguismo. Este bilinguismo, contudo, não constituiu ameaça para a língua portuguesa, já solidamente identificada com a nacionalidade. O castelhano dos portugueses era carregado de lusismos, quer no léxico, quer na morfologia e na sintaxe. • novos géneros literários • •desenvolve-se a novela sentimental e o teatro (Chiado, Prestes, António Ferreira, Ferreira de Vasconcelos) • •reúnem-se as academias de intelectuais, o povo diverte-se com o teatro de cordel (de cordel – relativo ao povo, popular). historiografia •desenvolvida e mantida por: • •Diogo do Couto, Damião de Góis, Gaspar Correia, Bernardo de Brito • •surgem também relatos de viagens e naufrágios O momento de Ouro •epopeia de Luís de Camões •Sá de Miranda •prosa de padre Vieira • •elaboração linguística e literária atinge o seu momento de ouro. características da Língua e da Literatura •Língua – serve para objectivos estéticos – harmoniza-se com o pensamento – tem ritmo, musicalidade –expressividade •Literatura –exuberante e grandiosa –trocadihos, antíteses, paralelismos, aliterações, hipérboles o contributo à língua •construção frásica que imita a latina •abundância de subordinação •os latinismos enriquecem o acervo lexical: ebúrneo, indómito, inopinado, altíssono, arquétipo, hemisfério, •superlativos em em –érrimo •adjectivos em –fero •eliminação de termos do Português Antigo: –contrario – contrário, marteiro – martírio, seenço- - silêncio, avondar – abundar, dino – digno • sistema consonântico •o sistema de sibilantes reduziu-se. As sibilantes ápico-alveolares grafadas como s, ss, evoluiram-se no sentido do desafricamento. Perdeu-se o leve chiamento /š,ž – s,z/ e também o elemento oclusivo inicial /ts – s/. •Mas, no Português Antigo, a correspondência entre a grafia e a etimologia era quase sistemática. Com o novo sistema, contudo, surge uma confusão, instabilidade do sistema, oscilações na grafia. sistema de sibilantes de hoje •Actualmente, a realização antiga ainda permaneceu em alguns dialectos. Há regiões em que se conservaram apenas as sibilantes ápico-alveolares, há outras em que só existem as predorsodentais e ainda existem tais regiões em que se mantêm ambas aspossibilidades. Também encontramos lugares em que a oclusiva dental não desapareceu.