O papel dos substratos e dos superstratos CARDEIRA, E., O essencial sobre a história do português, Editorial Caminho, Lisboa`, 2006, pp. 26-37 Pontos mais importantes (temas para o exame) 1.definição do substrato e as tendências linguísticas pré-existentes 2. betacismo (definição e localização) - substrato basco 3.grupos iniciais latinno PL, CL, FL – substrato celta 4.lenição e o grupo CT`(KT) latinos – substrato celta 5.exemplificação dos topónimos e hidrónimos e de outros vocábulos portugueses com raíz pré-latina. 6.invasão germânicas: visigoda, sueva, cartaginenese, sueva e vândala – uma curta descrição histórica e a influência no enriquecimento lexical. 7.patronímicos – definição, etimologia, exemplificação dos patronímicos germânicos 8. a influência das línguas germâncias no acento, ditongação, sonorização – contribuição para a diferenciação entreo o Francês e o Português, e, entre o Português e o Castelhano. 9.superstratos `e adstratos: definição do termo superstrato´p.30 e adstrato``p.32, romance. p. 30 10.Romance hispânico e o romance visigótico 11.invasão árabe e a sua influência na língua portuguesa. 12.vocabulário árabe na língua portuguesa `campo semântico referente à administração, guerra, organização urbana, agricultura, ciência, antroponímia, toponímia, e ainda outros. 13.moçárabe – romance arcaizante –d efinição, dialetalização, moaxás, hardjas – e elementos conservadores 14.a compartimentação do território em reinos, e reinos a a divisão da sociedade hispano-goda e as caraterísticas linguísticas distintivas • Definição do substrato e as tendências linguísticas pré-existentes • •Na linguística, um estrato ou estratos (do latim stratum, significando camada) é uma língua que influencia ou é influenciada por outra através de contacto. •Um substrato é uma língua que tem menor poder ou influência do que outra, enquanto um superestrato é uma língua que tem maior presença ou influência. Substrato e superestrato influenciam-se mutuamente, mas de formas diferentes. •Um adstrato refere-se a uma linguagem que está em contato com outro idioma de uma população vizinha, sem por isso ter uma influência identificável maior ou menor. Substratos: situação etnológica na Península Ibérica • •Ibérios – (vindos do norte de África), estabeleceram-se nas partes de sul e este da Península Ibérica – língua •Celtas – no Centro e Oeste •Fenícios – nas costa meridional •Bascos – a norte, na cadeia montanhosa • Situação em 218 a.C. quando os romanos desembarcaram em Ampúrias Výsledek obrázku pro bascos na peninsula iberica mapa Výsledek obrázku pro 218 a. c ampurias INFLUÊNCIA DOS SUBSTRATOS NO LATIM • •Durante a romanização, a assimilação cultural implicou um período de bilinguismo, mais ou menos longo, em que caraterísticas das línguas nativas penetraram, como maior ou menor intensidade, na língua recentemente adquirida. O bilinguismo, num jogo de compromisso entre hábitos articulatórios da língua materna e a aquisição de uma nova língua, permite que tendências linguística pré-existentes actuem sobre a marcha evolutiva da língua que se adquire. substrato basco • • •BETACISMO = a não distinção entre b e v –caracteriza os dialetos setentrionais portugueses, o Galego e todos os falares originários do norte peninsular Substrato basco substrato celta •Grupos latinos iniciais •PL, CL e FL mudaram para CH em português • para LL em castelhano • –PLICARE - CHEGAR – LLEGAR –CLAVE - CHAVE - LLAVE –FLAMMA - CHAMA - LLAMA substrato celta •LENIÇÃO – processo de enfraquecimento das consoantes oclusivas intervocálicas • KT – evolui para IT •Apenas nas línguas da România Ocidental (português, galego, castelhano, catalão, francês, provençal, Franco provençal). Nas línguas da România Oriental (Italiano, Moldavo, ROmeno) são conservados. • Výsledek obrázku pro imperio romano ocidental e oriental Comparação România Oriental versus Ocidental •România Oriental • •SAPERE – SAPERE •NOCTE - NOTTE •România Ocidental • •SAPERE – SABER •NOCTE - NOITE TOPÓNIMOS,HIDRÓNIMOS E OUTROS VOCÁBULOS PORTUGUESES COM RAÍZ PRÉ-LATINA. •Topónimos –Bracara – Braga –Olissipo – Lisboa –Ossonoba – Faro •Outros vocábulos –Chaparro – sobreiro novo –Esquerdo –Sapo - espécie de batráquio anuro. –Várzea - campina cultivada; planície; chã – nova, luh, pole –Mata –Sarna – svrab infeção cutânea e contagiosa produzida por um ácaro. = ACARÍASE, –Bruxa • INVASÃO GERMÂNICAS: VISIGODA, SUEVA, CARTAGINENESE, SUEVA E VÂNDALA – UMA CURTA DESCRIÇÃO HISTÓRICA E A INFLUÊNCIA NO ENRIQUECIMENTO LEXICAL. •A partir do século V •Em 409 – Alanos, Suevos, Vándalos •Alanos – Lusitânia e Cartaginense •Suevos e Vândalos – Galécia e Bética • Výsledek obrázku pro invasoes germanicas na peninsula iberica mapa Výsledek obrázku pro galicie betica lusitania cartaginese mapa Reino Suevo •em 410 – todos derrotados pelos Visigodos, com a exceção dos Suevos •capital Braga – ocupará a Galicia por mais um século • Výsledek obrázku pro reino dos visigodos mapa INVASÕES GERMÂNICAS •Curta descrição histórica e a influência no enriquecimento lexical •Não ocasionaram uma ruptura brusca na vida da sociedade hispânica. A cultura hispano-romana era a mais dominante o que provam vários factos: –o facto de os visigodos terem convertido ao catolicismo –o facto de continuar a ser aplicado o direito romano –o facto de se manterem as divisões administrativas romanas –o facto de os costumes e tradições histpânicos sofrerem poucas alterações –os visigodos, já romanizados, ao conquistarem a Península, diluem-se na população e na cultura hispano-romana Influência germânica na língua •Reduz-se , principalmente, a um enriquecimento lexical: –influência sueva: broa –influência visigoda: ganso, luva, íngreme –outras palavras de origem germânica: guerra, trégua, guardar –patronímicos: Gonçalves – filho de Gonçalo, Rodrigues`- filho do Rodrigo, Soares –as oclusivas surdas intevocálicas que sonorizaram (ripa – riba, amica-amiga), em Francês (por influência do contacto do latim da Gália com os hábitos articulatórios das línguas germânicas) ou fricatizaram ou desapareceram (riba-rive, amica –amie) – o que fez distinguir dois grupos: o francês das outras línguas românicas. –o acento de intensidade desagua na ditongação das vogais tónicas no castelhano: (pEdra – pIEdra, pOrta - pUErta) RESULTADO DAS INVASÕES GERMÂNICAS •Concorreram para a fragmentação linguística, desmembrando o Império e fraccionando a România, separando a área ocidental da área oriental (com superstrato eslavo) e apartando a Península do resto do Império. Latim vulgar hispânico •Visigodos na Pen. Ibérica – 300 anos •A língua sofre profundas mudanças que vão acentuando uma diversidade que se funda na transformação do Latim vulgar hispânico, isto é, o Latim vulgar que se implantara na Hispânia, pela acção dos substratos, favorecida pelo isolamento de algumas regiões. •Romance visigótico (falado no século VIII na Pen. Ibérica), cuja destruição vai dar origem à queda do Império Visigodo e traduzir-se-á na emergência de falares regionais. • Regiões isoladas •Galécia – fracamente romanizada, povoada por colonos que se quiseram dedicar essencialmente agricultura •Reino Suevo – separado da Península visigoda • a língua tomará o seu rumo particular, sendo influenciada pelo efeitos dos: – substratos – circunstâncias geográficas – posição periférica na Península e no Império – circunstâncias históricas (invasões germânicas fragmentação do Império) –contexto social (maior ou menor centralização da língua, imposta por instituições como a Escola ou a Igreja, influência de centros urbanos) Árabes •711 – invasão da Península pelos árabes •712 – ocuparam quase toda a região meridional, até ao rio Mondego, empurrando os hispano-godos para a codilheira norte. •Administração árabe – Córdova • •Panorama durante cinco séculos: cristãos a norte, muçulmanos (hispano-godos) a sul. Moçárabes •A nobreza visigoda refugia-se no norte e organiza-se em reinos de onde partirão os movimentos de reconquista. •Mas a sul, onde convivem povos e religiões diversas, as populações que não aceitam converter-se, acabam por ser toleradas pelo invasor. •Os moçárabes (cristão vivendo sob o domínio árabe) preservam a sua identidade cultural, mantêm os costumens e as tradições cristãs. •O romance moçárabe = continuação do romance visigótico, continua a ser falado por estas populações que conhecem também o árabe. Assim, o árabe, convive no mesmo espaço com um estrato linguístico de origem latina. Fala-se, portanto, de superstrato árabe, que se materializa, sobretudo, num contributo lexical. (não conservou o –l- e o –n- intervocálicos) •Palavras de origem árabe: iniciadas em ode (rio), ou al (artigo) • Arroz – al-roz, al-cúcar – açúar, Loulé, Odemira, Alfama, Odivelas Výsledek obrázku pro romance visigodo Palavras de origem árabe •Campos semânticos referentes a: •administração e guerra: alcaide, almirante, alferes, alfândega, algazarra, alarido •Arquitectura e organização urbana: alpendre, açoiteia tabique, azulejo, anaime, armazém, bairro, aldeia •Agricultura: açude, azenha, nora •Ciência: algarismo, álgebra, cifra, azimute, zénite •Plantas e frutas: alfazema, algodão, tremoço, azeitona, laranja, limão •Alimentação: xarope, açorda, almôndega •Instrumentos: alicante, alfinete, almofariz, rabeca, tambor • •Muitos arabismos caíram em desuso, mas ainda comemos REGUEIFAS e ALETRIA e vestimos CEROULAS OUTOS ARABISMOS •Oxalá – wa sha llah Queira Deus •Termos técnicos, novos, culturais, instrumentos., etc... •Muitas vezes é usado o termo adstrato para designar este convívio pacífico linguístico: estrato românico e árabe influenciam-se mutuamente, mas essa influência não se traduz em profundas transformações linguísticas que modifiquem o rumo de qualqer deles. Do domínio árabe não resultou uma arabizaçao. Moaxás e hardjas •Moaxás - composições poéticas árabes •Hardjas – os últimos versos •Conservador: não ocorre síncope de L e N e a evolução dos grupos PL, CL, FL •Nem ocorre o aapgamente de F latino o u monotongação dos ditongos AI, AU •ROMANCE arcaizante, marcado pela renovação lexical árabe Diversificação linguística