fácil reconhecer que no primeiro caso as personagens tétn umafungäo dinämica, ao passo queno segundo elds s tin está-ticas, as sete ou quantas mais com que o autor se leriihrasse de comprovar o seu propósito. O rhotivo é simples, reside na natureza da cada uma das farsas: em Inés Pereira há uma efabulaqäo, com que busca animar-se ó ditério do vulgo; no Juiz da Beira encontra-se apenas um divertissement, se nôo um propósito de charge, dé irónia espessa, a traco so!to. [n-tengäo diver sa iria ser a de Cervantes, noventa anos depots, quando retomou esse mesmo terna dos julgamentos rústicos. evidenciar o bom senso de Sanchô no governo da ilha Iíuratá-Ha, a sua finura nativa debaixo da casca grossa. Odivelas, 16 de Setembro de 1983. GlLBERTO MOURA Farsa chamada AUTO DA INDIA 44 Figuras: Ama MOCA Castelhano (Juan de Zámora) Lemos Marido (Esta farsa) foi feita em Almada, representada ä muito católica rainha Dona Lianor. Era de 1509 anos, ARGUMENTO A farsa seguinte chamam Auto da índia. Foi řumdada sobre que uma mulher, estando já embarcado para a índia seu marido, lbe vieram dizer que estava desaviado, e que já näo ia; e ela de pesar éstá ehorando, e fala-lhe uma sua criada: 10 15 MogA Ama MogA Ama MogA Ama MogA Ama Jesu, Jesu, que é ora isso? Ě porque se parte a armáda? Olhade a mal estreada! . Bu hei-de chorar por isso? Por miinh'ailma, que cuidei e que sempře imaginei que choráveis pór noss'anao. Por qual demo ou por qual gamo ali má hora phorarei? Como me leixa saudosa! To da ■ eu fico' amargurada! Pois porque estais anojada? Dizei-roo, por vida vossa. Leixa-m'ora eramá, que dizem que näo vai.já... Quem diz esse desconcerto? Disseram-ťmo por mui ccrto, que é certo que fica cá. 47 MOQA AMA MOQA AMA MogA Ama O Co-ncelos me faz isto. S'eles ja estao em Restelo, como pod-e vir a pelo? melhor veja eu Jesu Cristo; isso e quern porcos ha menos. Certo e que bem p-equanos sao mens desejos que fique. A armada esta muito a pique. Arreceio al demenos. Andei na ma bora e nela a amassar e biscoutar, para o demo o levar a sua negra canela e agora dizem que nao. Agas-ta-se^m'o coracao que quero sair de mim. Eu irei saber s'e assim. Hajas a min'ha bencao. Vai a Moga e fica a Ama diz&ndo: Ama A Santo Antonio rogo eu que nunca mo ca depare: nao sinto quern nao s'enfare •de um diabo Zebedeu. Dormirei, dormirei, boas novas acharei, Sao Joao 00 errno estava, e a passarinha cantava. Deus : me ournpra o que sonhei. Cantando vem ela e Ieda. MogA Dai-on'ailvissaras, senhora, ja. vai la de i'oz. em fora. Ama Dou-te uma touca de seda. MogA Ou quando ele vier dai-me do. que vos trouxer. Ama . 55 MogA Ama MogA Ama 60 65 70 MogA Ama MogA Ama 75 80 All muitierama! agora ha-de tomar ca? que ahegada e que prazer! Virtuosa esta minha ama! Do triste dele hei do. E que falas tu la so? Falo ca com esta carna. E essa cama, bem, que ha? mostra-m'essa roea ca siquer fiarei um fio; leixou-me aquele fastio scm ceitil. Ali, erama! Todos ficassem assi: leixou-lhe pera tres anos trigo, azeite, mel e panos. Mau pesar veja eu.de ti! Tu ouidas que