PADRE ANCHIETA Os apontamentos que fez acerca dos indígenas em suas cartas, de modo especial, não contêm o teor poético e a harmonia religiosa presente nos poemas escritos em tupi. A apresentação dos nativos, feita na Carta I, escrita em Piratininga, referente ao quadrimestre de maio a setembro de 1554, deixa evidente o total desconhecimento em relação à cultura autóctone, como se pode ver no excerto que segue: „…estes entre os quais vivemos estão espalhados 300 milhas (segundo nos parece) pelo sertão; todos eles se alimentam de carne humana e andam nus; moram em casas feitas de madeira e barro, cobertas de palhas ou com cortiças de árvores; não são sujeitos a nenhum rei ou capitão, só têm em alguma conta os que alguma façanha fi zeram, digna do homem valente, e por isso comumente recalcitram, porque não há quem os obrigue a obedecer; os fi lhos dão obediência aos pais quando lhes parece; fi nalmente, cada um é rei em sua casa e vive como quer; pelo que nenhum ou certamente muito pouco fruto se pode colher deles, se a força e o auxilio do braço secular não acudirem para domá-los e submetêlos ao jugo da obediência. [...] e não moderam a insaciável raiva nem com o sentimento do parentesco.“