VOGAIS DO PORTUGUÊS Univ. Masaryk Brno, 5.12.2016 João Veloso Universidade do Porto: Faculdade de Letras e Centro de Linguística jveloso@letras.up.pt ojoaoveloso.wordpress.com --- phonup.wordpress.com  1 - Quatro graus de abertura vocálica  2 - Vogais centrais  3 - A vogal automática do português  4 - Vogais orais e vogais nasais do português  5 - Vogais, semivogais e ditongos em português  6 - Redução vocálica em português europeu  7 - Principais diferenças entre o português europeu e o português do Brasil quanto às realizações vocálicas AS VOGAIS DO PORTUGUÊS VOGAIS IPA O SUBCONJUNTO DAS VOGAIS ORAIS DO PORTUGUÊS O SUBCONJUNTO DAS VOGAIS ORAIS DO PORTUGUÊS 4 graus de abertura vocálica FECHADAS SEMIFECHADAS SEMIABERTAS ABERTA(S)  Lexicalmente distintivos sede/sede [] / [] forma/forma []/[] cesta/sesta [] / [] cor/cor []/[] pê/pé []/[]  Morfofonologicamente motivados: harmonização vocálica acerto consolo governo conforto sossego jogo aperto almoço erro choro  Em forma verbal: vogal semiaberta ([]/[]): ac[]rto, []rro, soss[]go ; ch[]ro, j[]go, alm[]ço  HARMONIZAÇÃO COM O GRAU DE ABERTURA DA VT VERBAL // (aberta)  Em forma nominal: vogal semifechada ([e]/[o]): ac[]rto, []rro, soss[]go ; ch[]ro, j[]go, alm[]ço  HARMONIZAÇÃO COM O GRAU DE ABERTURA DA VT nominal // (fechada)  “Flexão interna”: avô ([]) / avó ([]) novo ([]) /// nova / novos / novas ([]) sogro ([]) /// sogra / sogros / sogras ([]) povo ([]) /// povos ([]) AS VOGAIS CENTRAIS  [] e []: normalmente consideradas “vogais puramente fonéticas” (M. H. Mateus, E. d’Andrade):  - só ocorrem no nível fonético;  - fonologicamente, corresponderiam sempre a /, / ou // teóricos (“subjacentes”), sendo obtidos por derivação (“redução átona”) dessas vogais fonológicas (cf. pares com AMF como febre ([]) ~ febril ([]) , casa ([]) ~ casinha ([]) )  (Contra: J. Veloso – /  / e /  / subjacentes em casos de ausência de alternância morfofonémica com vogal diferente de [] ou []:  - vogal temática nominal : grande, fase, câmara, planeta;  - clíticos: que, de, lhe, se, te, me ;  - …  CIRCUNSCRITAS À POSIÇÃO ÁTONA O comportamento “contraditório” de []  Por um lado: é a vogal mais apagável de todas (sendo a principal responsável pelo “consonantismo máximo” da língua). Exs.: telefone= [] ; benemerência = [] ; prescrever = []  Por outro lado: é a “vogal automática”, que desfaz ´combinações silábicas anómalas na língua’. Exs.: gnomo=[] ; afta=[] ; papel= [] --- “VOGAL NÃO MARCADA” DO PORTUGUÊS??? (J. Veloso) --- VOGAIS NASAIS []  Foneticamente: indivisíveis  Distintivas no nível de superfície:  rede/ rende  fita / finta  mudo / mundo  Continuam a comportar-se, porém, como sequências VC:  Impedem o recuo do acento, se em antepenúltima sílaba:  espanto, assunto, defronte ~ *éspanto, *ássunto, *défronte  Saturam a coda silábica  mata  marta  malta  manta  *manlta, manrta SEMIVOGAIS E DITONGOS  Foneticamente: Ditongos crescentes: GV piano, ruela, criança Ditongos decrescentes: VG flauta, réu, pois, nau, não  Fonologicamente: só os ditongos decrescentes parecem corresponder a “verdeiros ditongos” DITONGOS “CRESCENTES” DITONGOS “CRESCENTES” - Realização como ditongo ou como hiato: FACULTATIVA, OSCILANTE E DEPENDENTE DO ESTILO DE FALA: pi.a.no / pia.no ; cri.a.tu.ra / cria.tu.ra - Admitem a possibilidade de só a vogal ser nasal (com semivogal oral): leão; criança - Realização como ditongo: obrigatória (e independente do estilo de fala): flau.ta / *fla.u.ta ; eu.ro.peu / *e.u.ro.pe.u - Ambos os segmentos são ORAIS ou NASAIS: pois ; pões “Falsos ditongos” (=hiatos fonológicos) “Verdadeiros ditongos” A REDUÇÃO DO VOCALISMO ÁTONO (PE) PE / PB : Vocalismo PB: - Ausência de RVA; - Harmonização vocálica (m[i]nino ; g[u]rdura); - Ausência de chevá central alto.