V originále
O artigo aborda o tópico da cidade no romance Enseada amena (1966), de Augusto Abelaira (1926-2003). Do ponto de vista teórico-metodológico, a análise baseia-se, essencialmente, nos conceitos do espaço estratigráfico (Westphal, 2011) e da psicogeografia (Coverley, 2018). Dentro deste âmbito será focada, em especial, a imagem da urbe morta que, apoiada no diálogo com a literatura portuguesa, é apresentada no romance de Abelaira como consequência de cataclismos (físico e simbólico) e como expressão de bloqueamento (pessoal e coletivo). No final, uma breve comparação de Enseada amena com o conto “Teatro” (Quatro paredes nuas, 1972), veiculada pela coincidente figura feminina, permite esboçar uma metáfora compensatória capaz de redimir em parte as ruínas de l(ug)ares abelairianos pelo jogo de (re)invenção e (re)construção.
In English
The article analyses the topic of the city in the novel Enseada amena (1966) by Augusto Abelaira (1926-2003). From a theoretical and methodological point of view, the analysis is essentially based on the concepts of stratigraphic space (Westphal, 2011) and psychogeography (Coverley, 2018). Within this scope, the article will focus, in particular, on the image of the dead city which, supported by the dialogue with Portuguese literature, is presented in Abelaira's novel as a consequence of cataclysms (physical and symbolic) and as an expression of blockage (personal and collective). At the end, a brief comparison of Enseada amena with the short story "Teatro" (Quatro paredes nuas, 1972), conveyed by the coincident female figure, will allow us to outline a compensatory metaphor capable of redeeming in part the ruins of Abelaira's places through the game of (re)invention and (re)construction.